Brasil consolida liderança global no setor de rochas e mira nova década de valor agregado
- Igor Caetano
 - 31 de jul.
 - 3 min de leitura
 

O Brasil se destaca, há décadas, como um dos principais atores globais no setor de rochas ornamentais. Em 2024, o país reafirmou seu protagonismo ao exportar US$ 1,263 bilhão em mármores, granitos, quartzitos e outras rochas naturais, ocupando a 5ª posição no ranking global de exportadores. O setor, tradicionalmente ancorado na extração bruta, tem apostado fortemente na industrialização e no valor agregado como estratégia de competitividade internacional.
Segundo dados do Centrorochas, mais de 1.200 variedades de rochas são exploradas comercialmente no território nacional, com destaque absoluto para o Espírito Santo, responsável por mais de 82% das exportações. Os Estados Unidos seguem como o maior mercado de destino, absorvendo mais da metade do volume exportado em 2024, seguido por China, Itália e México.
Exportações brasileiras de rochas naturais (2021–2024):
Fonte: Centrorochas / ComexStat
Diferenciação pela diversidade geológica
Poucos países no mundo possuem a variedade geológica do Brasil. Rochas como o quartzito Taj Mahal, o granito Branco Ceará e o quartzito Venom são referência em projetos de alto padrão nos Estados Unidos, Europa e Oriente Médio. Esse portfólio variado tem sido peça-chave na penetração em novos mercados, somado à evolução tecnológica do parque fabril nacional, que hoje conta com serrarias multifiadas, resinas de última geração e linhas de polimento automatizadas.
Além disso, a indústria tem ampliado a oferta de produtos acabados — como bancadas, pisos, cubas e painéis pré-cortados — buscando aumentar o valor por metro quadrado exportado. Essa movimentação tem impacto direto na competitividade internacional, especialmente frente à crescente concorrência de materiais sintéticos como porcelanatos e superfícies de quartzo industrializado.
Perspectivas e internacionalização
A internacionalização do setor ganhou novo impulso com a criação do Marmomac Brasil, em São Paulo, cuja primeira edição ocorrerá em fevereiro de 2025. A feira internacional — organizada pela Veronafiere, promotora da tradicional Marmomac de Verona — deve atrair mais de 200 expositores e 15 mil visitantes de 60 países. Para os analistas, o evento marca uma nova era para o setor: menos dependência de feiras estrangeiras e maior valorização da cadeia produtiva nacional.
Países que mais compraram rochas brasileiras em 2024:
🇺🇸 EUA – US$ 711,1 milhões
🇨🇳 China – US$ 218,5 milhões
🇮🇹 Itália – US$ 82,8 milhões
🇲🇽 México – US$ 30,3 milhões
🇨🇱 Chile – US$ 25,9 milhões
Fonte: ComexStat / Centrorochas
Desafios: logística, classificação fiscal e imagem global
Apesar dos avanços, o setor ainda enfrenta gargalos. A precariedade de alguns portos brasileiros, a volatilidade cambial e a complexidade tributária freiam o crescimento sustentável. Além disso, a falta de padronização na nomenclatura de rochas — com confusões frequentes entre mármores, granitos e quartzitos — gerou recentemente tensões comerciais com os EUA, que cogitaram tarifar o produto erroneamente classificado como "granite".
Em entrevista à Forbes, especialistas destacam a urgência de ações coordenadas entre indústria, governo e entidades setoriais para esclarecer o mercado internacional sobre as especificidades das rochas brasileiras — um ativo geológico, cultural e econômico de relevância estratégica.
Conclusão
Mais do que um fornecedor de blocos e chapas, o Brasil se consolida como um protagonista na indústria global da pedra. Com inovação, inteligência comercial e investimento em design, o país tem potencial para dobrar sua participação no mercado de produtos acabados nos próximos anos. Para isso, será fundamental ampliar a interlocução com os mercados internacionais e continuar investindo na sofisticação da cadeia produtiva.
O desafio da próxima década não é apenas extrair — é transformar.








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